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PRESS NEWS

"Is it Jazz? Is it Rock? No! It´s Vítor Rua & The Metaphysical Angels" - Asoka Magazine

 

The Best Record of the Century!

 

"Hernâni Faustino and his Power Bass!" -

Miau News

 

One of the leading bass player´s of the actuality!

 

Sobre ele pairam (ainda) sombras de Fripp, Frith e Bailey; mas, apesar da qualidade destas, há uma nova luz que desponta nas profundezas do universo de Rua. Momento de definição da plena maturidade estética, conceptual e interpretativa de um músico, "Do Androids Dream Of Electric Guitars/Bands?" fazia falta num país onde -à excepção de Pernadas, Devlin e alguns mais- 'complexidade' (estrutural) ainda é vista como antónimo de 'simplicidade' (de expressão). Ricardo Saló

 

Opinion:

 

José Teles

http://jc.ne10.uol.com.br/blogs/toques/2017/08/13/vitor-rua-tocando-trilha-onirica-dos-androides/

 

 

O músico português Vítor Rua foi um dos fundadores, em 1981, do popular grupo de rock luso GNR, do qual saiu no ano seguinte, para enveredar por uma carreira aventurosa, criando música menos palatável. Com público certo e sabido, afinal é disto que tira o sustento há anos. 30 deles tocando com o pianista Jorge Lima Barreto, com quem formou o duo Telectu. Como artista solo, Vítor Rua desenvolve suas lucubrações com músicos, portugueses e de outros países. è uma espécie de John Zorn da guitarra. Música concreta, free jazz, electrónica, punk, thrash, minimalista, e muito mais, estão no seu cardápio sonoro. Rua explora os infinitos caminhos da guitarra no recém-lançado Do Androids Dream Of Electric Guitars? (pelo selo Clean Feed).

Creditado a Vítor Rua & The Metaphysical Angels, o álbum é duplo. O primeiro disco tem apenas Vítor Rua e guitarra, em dez temas instrumentais, que são repetidos, no CD 2. com a banda, formada por nomes de variados nichos da música portuguesa. Do Androids Dream Of Electric Guitars? Serve como uma espécie de aula de musica de vanguarda. Cada faixa é um capítulo, ou uma lição. Em #3 Roulotte, Vítor Rua incursiona pela improvisação livre, o free, surgido no final da década de 50, procurando outros idiomas para o jazz. No entanto, embora livre de amarras, ainda assim é jazz. Improvisa-se livremente mas se segue a regra de retomar um tema. Isto não acontece com #4 Flamenco is Dead que é a improvisação total, construída com sons. Rua recorre ao livro Improvisation, do igualmente guitarrista Derek Bailey (inglês, falecido em 2005), que chamava esta música de não-idiomática. Mas aponta Rua, mesmo um não-idioma acaba tornando-se um novo idioma. Ele toca neste álbum um estilo que batizou de Improvisação Meta-Idiomática. Os andróides para Vítor Rua sonham com guitarras eléctricas, nos mais diversos idiomas musicais, serialismo, música concreta, free jazz, rock, jazz, enfim, uma Torre de Babel em que o fio condutor amarrando todas as linguagens é a improvisação. Obviamente, Do Androids Dream of Electric Guitars? não é um disco fácil, mas a consciência da música de Rua vence resistências de condicionamentos ao convencional. Valendo-se de um conceito paradoxalmente convencional. O primeiro disco tem os temas tratados como música de câmara, o segundo os temas recebe tratamento orquestral (com guitarras, sax, teclados, etc). São dois lados de uma mesma moeda, visões complementares. Um belo trabalho de um musico desconhecido no Brasil, como aliás, a grande maioria da música que se faz em Portugal.

"The best album of the Century" 
 
Asoka Magazine

Vítor Rua & The Metaphysical Angels: Do Androids Dream Of Electric Guitars?

 

Languidly, the spaceship Interstellar Overdrive kissed the planet's surface. 

 

The gold speckled river was like a thousand stars - a firmament of branches: solar winds agitated the fulgent ringlets of water; silvery comets whispered amidst the velvety leaves. 

 

Each scintillation resonated with a sound intagliated with the radar of the mind. 

 

Far away, the fog of Betelgeuse was almost silent; Aldebaran, closer and more intense showed sparkling clusters; phosphorescent Alpha Centauri yielded fantastic noise, and delightful radiophonic energy boomed from the loom of Cassiopaea as pale lightning stippled fluid Orion with continuous, stridulous and percussive sound. 

 

The rustling river heard on the curve of the Via Lactea ploughed through atonal vegetation - a Magellanic nebulosa of the tree-tops. A burst of a glaring supernova was followed by an empty silence, blinding… and afterwards, glissandi and a sudden agitation of audiovisual leaves, heavily pregnant with sap. 

An array of sounds was heard, between infra and ultra resplendescent rays. 

Variable, informational sound impulses; sibilant strings. 

 

In textural perspective, one corollary - Tau Ceti - would nudge, eclipse-like, the petals of Andromeda; an anticipation of the microacoustical explosion of a planetoid lodged within a seed. The yellow hang-gliding fall of a meteor floated down from a dissonant treetop as it touched the soil - raising sideral dust. 

The concrete and the Imaginary; and on - until the sight became insane with immense sound... the Sun, that same morning, inebriated with audioextravagant radiation...and at the ends of the Galaxy, mixed with the sounds of Nature, the archaic melody of a vanishing guitar…

 

"Music!" - Homo Sapiens was not alone in the Universe...

 

(Poetic Translation: Chris Cutler

Vítor Rua & The Metaphysical Angels: “Do Androids Dream of Electric Guitars?”

 

Vítor Rua is one of the key figures of Portuguese creative music, with a career covering a multitude of idioms and styles, from rock (he was the founder of the very popular band GNR) to minimalism, concrete music, electronic music, mimetic jazz, folk, punk, thrash metal, country music, and to free improvisation (with Telectu, his duo with pianist and musicologist Jorge Lima Barreto, sometimes with contributors like Sunny Murray, Gerry Hemingway, Han Bennink, Paul Lytton, Barry Altschul, Gunter Sommer, Chris Cutler, Eddie Prevóst, Louis Sclavis, Jac Berrocal, Carlos “Zíngaro” and Elliott Sharp). Since 1987 he has focused on classical contemporary composition, either with solo, chamber and orchestral formats (and having John Tilbury, Giancarlo Schiaffini, Daniel Kientzy, Peter Rundel, Christian Brancusi, Remix Ensemble, among others, as interpreters) or messing rather humorously with the opera tradition (he has written five operas already). This new activity hasn’t made him forget his instrument of choice, the guitar, and neither did it collide much with his thinking of an ensemble as a guitar band - and that’s what explains this double album in which we find Rua covering all the music expressions he practiced over the years, “Do Androids Dream of Electric Guitars?”. CD1 is a solo and in CD2 the same scores are played by a group (The Metaphysical Angels, fronted by him) reuniting some top figures of the Portuguese avant-jazz and indie rock scenes. And yes, it sounds as if  Vítor Rua is making account of his own life. It’s that important, that urgent, that significant.

Rui Eduardo Paes, 2017

Vítor Rua & The Metaphysical Angels - "Do Androids Dream of Electric Guitars?" (Clean Feed - 2017)

"Uma Nova Forma de Improvisar / Música na Vertical para despertar os nossos sentidos"

A minha vénia inicial a Vítor Rua, quer pela sua busca incessante pelo novo e original ao longo da sua carreira, sempre ao serviço da criatividade, quer pela obra em questão que tentarei analisar nas próximas linhas. Um músico singular e inovador, embora pouco reconhecido pelo nosso burgo (sempre mais interessado em valorizar e dar crédito à cópia da cópia do que em se sintonizar nas novas correntes e estilos musicais), que quer a solo ou através dos seus qualitativos projetos (com os Telectu na linha da frente) sempre na vanguarda da música portuguesa, na crista da onda, muitas vezes até já tinha mesmo surfado a onda antes de ela ter aparecido tal a sua criatividade e espírito com que usa a guitarra (clássica e/ou eléctrica) como "arma de destruição maciça" para deleite dos nossos ouvidos.

Foquemo-nos então nesta obra de Vítor Rua & The Metaphysical Angels um álbum duplo que esteve a ser idealizado ao longo dos últimos 10 ano e gravado em 2 anos de estúdio, profeticamente intitulado "Do Androids Dream of Electric Guitars?". Com certeza será objeto de diversos estudos ao longo dos próximos anos dada a forma inovadora com que V.Rua elaborou o álbum utilizando um processo de composição totalmente original e inovador. Isto é música criada na vertical, meus amigos, ou seja, vários estilos e géneros musicais tocados ao mesmo tempo através da sua guitarra. Parece estranho? Então só ouvindo mesmo! E re-ouvindo constantemente, porque a cada nova audição, um pormenor novo vai surgindo.
No primeiro cd, Vítor Rua explana a solo (guitarra clássica e elétrica) uma nova forma de improvisar levando o mais simples e incauto ouvinte a uma experiência transcendental, metafísica - improvisações realizadas sobre diversos estilos musicais criados "verticalmente" em composições a que o autor intitula de "composições sobre improvisações meta-idiomáticas". E é através deste método original e recém-criado que Vítor Rua condensa as suas mais variadas influências estilísticas (jazz, rock, música concreta, minimalismo, etc...) e promove o confronto entre as mesmas, criando algo completamente diferente e extremamente complexo que decerto nenhum de nós estaria habituado a ouvir.
Em relação ao segundo cd ("batizado" de "Do Androids Dream of Electric Bands?" - título extremamente pertinente e ajustado à nossa realidade cada vez mais virtual) consiste na apresentação dos mesmos temas do primeiro cd mas em Ensemble. Assim sendo à guitarra juntam-se os seguintes instumentos: clarinete (Paulo Galão), trompete (Nuno Reis), piano (Manuel Guimarães), contrabaixo (Hernâni Faustino) e bateria (Luís San Payo) - "The Metaphysical Angels" - criando uma atmosfera tímbrica riquíssima e igualmente fascinante e complexa. Tal como as enumeras influências estilísticas que são abordadas, a palete de sentimentos que esta música nos promove é igualmente diversa: alegria, tristeza, curiosidade, confusão, comédia, medo, etc...no fundo, ouvir "Do Androids Dream of Electric Bands" é como levar os nossos velhos ouvidos ao teatro...e que teatro! Os seis atores atrás mencionados representam brilhantemente uma peça criada e encenada por Vítor Rua dentro da nossa própria mente. Deste turbilhão de sentimentos, destaco o fino humor e ironia de temas como "The Amazing Worm", "Subliminal Signs of Humor" ou "Deleuze versus Tarzan".
Nota igualmente de destaque para a editora portuguesa Clean Feed, sempre na vanguarda da música improvisada e experimental, decerto a parceria perfeita para este projeto megalómano de Vítor Rua.

Resumindo e concluindo: são obras como estas que nos fazem evoluir a passos largos como ouvintes, dada a riqueza tímbrica, rítmica e melódica que está em jogo, em contraste com a banalidade de sons que nos são dados a escutar diariamente nas televisões, rádios, internet ou em espaços públicos e que tornam os nossos ouvidos mais preguiçosos e obsoletos.
Contudo, a notícia mais "bombástica" de todas é que este primeiro cd faz parte de um tríptico, ou seja, mais dois cd's duplos irão ser brevemente editados e lançados para nossa satisfação ("Infinite Pancakes" e "Turtles on a Sea of Roses", respetivamente).
Preparemo-nos para tal demanda então, e até lá tentaremos descobrir se os andróides sonham mesmo com guitarras elétricas...

Francisco Sousa

Vítor Belanciano

https://www.publico.pt/2017/09/10/culturaipsilon/noticia/as-visoes-da-guitarra-de-vitor-rua-1784681

 

 

Explorar novas soluções, sempre. Tem sido esse o princípio norteador da actividade de Vítor Rua, seja quando co-fundou os GNR na alvorada dos anos 1980, ou a partir de 1982, ao lado de Jorge Lima Barreto, nos Telectu, quando a dupla se transformou, ao longo de três décadas, numa referência da música mais experimental. Além dessas e de outras formações tem uma actividade prolífica, entre projectos a solo, música para outras áreas, abordando as mais diversas tipologias com novas soluções interpretativas ou composicionais.Agora aí está um álbum duplo onde o seu instrumento de predilecção — a guitarra — está no centro. Em alguns temas estamos em territórios jazzísticos, mas noutros essa âncora perde-se sem prejuízo para o ouvinte, em peças instrumentais sem qualquer configuração mais reconhecível, em abordagens onde a sua guitarra tanto pode alimentar um tipo de electricidade pouco melódica, como sustentar um dedilhar acústico, onde tempo e espaço fluem.No primeiro CD toca todas as guitarras com virtuosidade. No segundo CD temos as mesmas composições, mas ao lado de Hernâni Faustino (baixo), Nuno Reis (trompete), Luís San Payo (bateria), Manuel Guimarães (piano) e Paulo Galão (clarinetes), com a filiação no jazz mais inclassificável a ser mais evidente, mas com a intervenção de cada instrumento a revelar-se, a cada esquina, uma surpresa.Não existe uma estrutura repetida, há instrumentos a entrar e a sair, com a guitarra presente, em gestos de aparente improviso mas de sentido elegante, guiando-nos no meio de um caos que acaba por ser aparente, numa música inquieta, sem aditivos, em movimento, procurando em permanência um equilíbrio que acaba por nunca chegar, numa estimulante e exigente obra de visões complementares. 

Gonçalo Falcão: Review

 

"Creio já não ser necessário alongar-me muito na apresentação de Vítor Rua, fundador dos GNR e depois dos Telectu, com uma actividade musical variada que vai da composição contemporânea ao rock. Desde a separação do duo Telectu que Rua tem tocado e composto em inúmeros formatos, numa profusão de edições difíceis de seguir, disponíveis não só nas plataformas “online” como em formatos físicos. Toda esta produção é trabalhosa de catalogar e muito irregular em termos estilísticos e formais, compreendendo a “canção de intervenção pimba”, a escrita para orquestra e o solo.

Assim, é preciso criar um espaço, um silêncio, para introduzir este novo trabalho lançado pela Clean Feed. Não é mais um dos muitos que Rua tem editado; será, provavelmente, o seu disco mais importante até hoje (mesmo contanto com “Vydia, “Pós-GNR”, etc.). O nome da editora ajuda-nos desde logo a criar uma âncora com o jazz e, de facto, é esse o enquadramento de “Do Androids Dream of Electric Guitars?”, um álbum duplo que mostra duas abordagens ao mesmo tema: uma só em guitarras e a outra em grupo (guitarra, contrabaixo, bateria, piano, trompete e clarinete).

É um duplo especial, pois raras vezes sentimos, ao ouvir uma gravação, que ela dá um passo em frente, que acrescenta uma ideia nova. Quero com isto dizer que este álbum propõe uma abordagem ao jazz que ainda não tinha sido feita, abrindo uma nova gaveta. Discos destes não aparecem todos os anos e se uso a palavra “jazz” faço-o consciente de que, se esta é a matriz fundamental desta música, como de tantos outros trabalhos de Rua, também podia ser classificada no rock ou na música contemporânea para guitarra, sem grandes inquietações.

“Do Androids Dream of Electric Guitars?” apresenta uma música vertical dentro de um processo inevitavelmente horizontal que é o da natureza própria da música (sons no tempo). São duas e diferentes as abordagens a esta ideia. O primeiro disco é apenas de guitarras e permite-nos perceber com mais clareza a ideia da “música vertical”: uma guitarra acústica, duas eléctricas e uma baixo alinham as notas verticalmente, ou seja, cumprem com uma pauta rítmica e melódica, ainda que com grande liberdade. Imagine-se uma linha de tempo por onde vão passando indicações para os músicos tocarem e que eles respeitam essa indicação com uma vontade de alinharem verticalmente, de somarem sons uníssonos, sem nunca o fazerem totalmente. Uma espécie de “harmolodics plus”.

No primeiro CD, todas as guitarras foram tocadas por Rua, usando “overdubbing”. Os temas têm uma sinceridade quase ameninada, que lhe reconhecemos desde “Portugal na CEE” e que vem até às suas composições para orquestra: melodias que não têm medo de soar bonitas e simples, com “moldura”, como diria o guitarrista. O segundo CD mostra-nos o modo como estes mesmos temas soam ao serem tocados por um grupo. Gravado em sexteto com os Metaphysical Angels – Hernâni Faustino, Luís San Payo, Manuel Guimarães, Nuno Reis e Paulo Galão (e, claro, Rua na(s) guitarra(s) tocada e pré-gravada) –, mantém a beleza do conceito, sendo difícil decidir qual é a abordagem mais cativante. Se no primeiro disco o processo é mais evidente e as ideias aparecem mais claras, no segundo as diferentes texturas sonoras e o maior balanço da música, menos “dura” e mais swingante do que no primeiro CD, criam outros interesses.

Lançado publicamente no dia 31 de Outubro, no Sabotage do Cais do Sodré, em Lisboa (um bar que associamos ao rock e não ao jazz, o que calculo que tenha sido um “statement” deliberado), esta é certamente uma das obras que ouvi com mais prazer este ano e que entra directamente para o topo da lista dos melhores (e mais importantes) de 2017, pois faz avançar a música". (Gonçalo Falcão)

Chris Cutler´s Review

 

"Vítor Rua & The Metaphysical Angels: Do Androids Dream of Electric Guitars?" 

A genuinely original guitarist and composer, Vitor is still curiously little celebrated outside his native Portugal. Hopefully, this record will change that. It’s a remarkable release for a number of reasons – firstly, CD1 really does have something new to say about the solo guitar, though it hardly sounds sometimes as if that’s what you’re hearing. The sonic and stylistic range is broad, and Vitor draws in bold, rapid strokes, indicating that he has no temper to be mean with his ideas. Or to make glossy music; his roots are in the roots of rock but he casually re-centers or shifts between languages; you can try to follow or just let it work as it will. CD2, fascinatingly, features the (exact) same music again, only this time orchestrated with additional bass, drums, piano, clarinets, and trumpet; it’s interesting technically, it’s interesting structurally and it’s interesting musically – it’s also an invaluable teaching aid. And it plays merry hell with sequential time, intentionality and semantic function. A fascinating project and richly rewarding. (Chris Cutler)

Rogelio Pereira Conde: Review

 

VITOR RUA & THE METAPHYSICAL
ANGELS: Do Androids Dream of Electric
Guitars? (Clean Feed CF429CD, 2016)-2
CD ́s-60:47.


Ya hace más de cuatro décadas que Vitor
Rua ejecuta sus trabajos a través de la vía
experimental. Bien sea a través de las
músicas derivadas del rock, de la música
minimalista, del jazz, o de la música
contemporánea.

Esas guitarras que se revelan en "Do Androids Dream of Electric Guitars?", nos remontan en la memoria a los tiempos de GNR (Rui Reininho, Miguel Megre, Alessandre Soares, Toli, y él mismo) en el que Vitor Rua afrontaba su faceta compositiva con una pieza que
ocupaba el lado b del disco "Independança". La pieza en cuestión llevaba por título Avarias, 27 minutos de música hipnótica y poesÍa sonora. A partir de este trabajo, Vitor daba a entender que su visión creativa necesitaba expandirse para dar rienda a sus inquietudes vanguardistas. Una forma diferente de componer y entender la música que, en su unión con Jorge Lima Barreto, quebró dudas y se
materializó en el primer disco del dúo con el título CTU TELECTU. De la reinvindicación de los pos- GNR, al desafío acid rock de PERVE. De la música minimal repetitiva de Belzebú u Off-Off al rock art de EvilMetal. Es quizás, en este último, del que toma sus directrices el disco que nos ocupa, aunque la vía más creativa de Rua, en solo, la encontramos en los discos compartidos con Jorge Lima Barreto. Así, en su disco "Solos" (Baucau, 2000), Rua toca una guitarra híbrida de 18 cuerdas (8 de nylon y 12 de metal) provista de dos ecualizadores independientes, lo que le posibilita crear toda una serie de rangos y dinámicas sin cambiar de instrumento. 
La pieza que desarrolla Rua lleva por título "Gnoseofonia", dividida en 10 partes en un total de 71 minutos de variaciones tonales dominadas por la composición / improvisación. Para "Do Androids Dream...", Rua decidió hacer dos versiones diferentes de cada una de las piezas que componen cada uno de los dos discos. Así, en el CD 1 escuchamos a Vitor Rua interpretar dos tipos de guitarras, ipods y efectos, en solo. A pesar de los pocos instrumentos utilizados, la labor de masterización en el estudio de grabación por Antonio Duarte dan a las piezas una sensación de gran orquesta, o por lo menos una lucidez de las posibilidades propias de la música orquestal. Quizás esta sensación es más apreciable en la relevancia de los músicos en el CD 2, subtitulada "Do Androids Dream of Electric Guitars?", en el que Rua se acompaña de músicos de la vieja y nueva escuela. Entre ellos, su fiel amigo Luis San Payo (batería), que estuvo ligado en los años `80 - `90 a Pop Dell ́Arte. 
También están músicos jóvenes como Hernâni Faustino (contrabajo), Manuel Guimarâes (piano) que anteceden y superponen a una sección de vientos que no deja lugar a dudas en este esmerado trabajo, con la aportación de Nuno Reis (trompeta), y Paulo Galâo (clarinetes). Sus piezas nos ofrecen notables aportaciones instrumentales con inclinaciones que van hacia el rock, pero que no desvirtúan otras áreas como el jazz, la música contemporánea, las músicas de fusión, o la free music, entre otras.
Lo que en una primera escucha nos parece una mezcla musical de estilos se va desgranando y acentuando en las posteriores audiciones, hasta tener la certeza de que estamos ante un elaboradísimo trabajo que refleja el buen gusto de Rua y amigos por dedicar temas a la sala Roulotte de Nueva York, a la percusión en el flamenco, el freak de Frank Zappa, pasando por las connotaciones de la música clásica, reivindicaciones a la obra de Georges Deleuze versus Tarzán de Burroughs, la descendencia de las estrellas de Marcel Duchamp como diseñador de objetos útiles llevados a la instalación de lo intangible...

Vitor Rua ha realizado un disco que refleja su mundo de ensoñaciones, en donde las pesadillas y las gotas de buen humor impregnan situaciones, a veces un tanto arbitrarias que, a buen seguro, no harán palidecer a personas que solo tienen un acercamiento afectivo a su obra musical, pero que sin embargo, si recalan en otros seguidores de sus andanzas en el transcurso del tiempo y se dan cuenta que, a pesar de todo, la música compuesta por Rua continúa reconciliando nuestros temores. Ahora, solo es cuestión de esperar cómo Rua da forma a las estrategias que le ayudarán a encaminar sus próximos discos
creativos. Rogelio Pereira Conde

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